APL 3329 Monserrate

É tradição, que esta propriedade já existia no tempo da dominação arabe e era então muito bem cultivada.
    Segundo a lenda, era esta quinta de um fidalgo musarabe, sendo então as casas, no alto da quinta, onde agora está o palácio.
    Este musarabe, de nobre sangue gôdo, mal soffria o jugo dos mauritanos, pelo que teve graves discordias com o alcaide mouro, do castello de Cintra.
    O alcaide, querendo vingar-se do christão, não como auctoridade, mas como brioso cavalleiro, foi desafiar o seu inimigo a sua propria casa, e travaram rijo duello, no alto do monte.
    Eram ambos dextros cavalleiros e bravos pelejadores, mas por fim venceu o mouro, deixando a seus pés morto o christão.
    Os christãos d’estes sítios, reputaram o fidalgo, como um martyr, e vinham orar sobre a sua sepultura, que regavam de sentidas lagrimas, e imploravam a piedade da Santissima Virgem, para que os livrasse do jugo serraceno.
    Poucos annos depois (1147), D. Affonso I asteava o pendão das Quinas, sobre as torres do soberbo castello mourisco, e o crescente do Islam, era arriado d’esses muros em que fluctuara por 630 annos. Cintra via-se finalmente livre do dominio dos filhos de Agar.
    Então, sobre a sepultura do ultimo martyr, edificou o povo uma pequena ermida, dedicada a Nossa Senhora, a qual (ermida), com o correr dos tempos, veiu a cahir em ruinas.

Source
PINHO LEAL, Augusto Soares d'Azevedo Barbosa de Portugal Antigo e Moderno , Livraria Editora Tavares Cardoso & Irmão, 2006 [1873] , p.Tomo V, p. 437
Place of collection
SINTRA, LISBOA
Narrative
When
11 Century,
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography