APL 1759 “História da Senhora do Pereiro”
Num aprazível vale ligeiramente desviado da povoação fica a ermida da Senhora do Pereiro, objecto de grande devoção de todos os naturais de Rosas.
Conta a tradição que, há muito anos, uma pobre mulher muito mal tratada pelo marido costumava ir regar aqueles campos e chorar as suas mágoas.
Um dia apareceu-lhe Nossa Senhora em cima dum pereiro que ainda hoje lá existe, pois nunca seca apesar de o terem cortado várias vezes.
Anos mais tarde, após a morte do marido, a mulher professou e mandou ali construir uma capelinha.
Perto da capela passa um caminho que era uma antiga estrada romana. Conta-se que por essa estrada passou a Rainha Santa Isabel quando entrou em Portugal pela fronteira de Quintanilha, e que aí se separou da família e da comitiva espanhola que a acompanhava. Daí o povo designar esse local por “Vale da Soidade”.
Contam ainda, os mais idosos, que certos príncipes que muito se amaram e davam pelo nome de Pedro e Inês estiveram na ermida branca a implorar ventura…
Na estrada velha passou um dia um missionário que deixou benta a água da ribeira próxima da capela da Senhora do Pereiro. Se os gados estão doentes, vão três Marias, virgens, com uma bandeja de prata na mão esquerda e uma rasca (vara) na direita e obrigam a passar o gado três vezes na ribeira molhando-o com as varas de sanguinho.
É tido como remédio segura para o sanguinholo ou garrotilho de gado.
- Source
- AA. VV., - Inquérito Boléu (recolhas inéditas) , Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, , p.64
- Year
- 1972
- Place of collection
- Santa Comba De Rossas, BRAGANÇA, BRAGANÇA
- Collector
- Maria Elisa Ferro Azevedo (F)
- Informant
- Maria Amélia (F), 54 y.o., Santa Comba De Rossas (BRAGANÇA),