APL 26 Bruxas em forma de patas
“O meu pai contava que um homem tinha umas certas horas de água para regar. Uma noite estava no campo a tapar a água da poça. Foi deitar-se numa casota de palha que tinha naquele campo. Mal lá chegou, a água começou a correr e ele foi tapar de novo a poça. Isto repetiu-se algumas vezes. Então ele escondeu-se para ver o que se passava. Nisto sentiu vir pela água abaixo — chap, chap, chap. Eram duas patas brancas, uma atrás da outra, e a da frente abriu a poça. Levantou-se de repente para a agarrar, mas já não conseguiu porque elas fugiram muito depressa para a mina. Tapou a poça outra vez, fingiu que dava uns passos a afastar-se e deixou-se ficar escondido por ali com a sachola na mão. As patas vieram outra vez pela água abaixo e ele, com a enxada, atingiu uma na asa. Então ela transformou-se numa rapariga, mas ficou sem o braço, que era a asa que o meu pai lhe tinha cortado. A outra pata correu a esconder-se na mina. Sei que isto foi mesmo verdade”.
- Source
- CAMPOS, Beatriz C. D. Tarouca, Folclore e Linguística , Câmara Municipal de Tarouca / Escola Preparatória de Tarouca, 1985 , p.24
- Place of collection
- TAROUCA, VISEU
- Informant
- Deolinda de Jesus Santos (F), Ucanha (TAROUCA),